Acontece que sabemos que tal oferta é falsa e que esse ideal de felicidade e plenitude é inalcançável, e quanto mais o sujeito se empenha nesta direção, ignorando os reais conflitos que o acompanham, maior será sua frustração, sofrimento e sensação de impotência. ​Enquanto isso, os diagnósticos se proliferam ao ponto de que podemos falar de uma medicalização da própria existência, onde toda a experiência subjetiva se torna passível de ser considerada patológica e, por isso, medicalizada.

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Essa lógica contemporânea dos imperativos - da beleza, da felicidade, do consumo, da produtividade etc - em nada ajuda o sujeito em sua busca por uma vida que o faça feliz. Para tal, faz-se necessário ao invés disso dar o devido encaminhamento às questões e anseios que o assolam, e acredito que o tratamento psicanalítico opere nesta direção, podendo oferecer saídas valiosas para uma vida. O sofrimento pode sim ser tratado e muitas questões incômodas de uma vida podem ser remanejadas com o tempo, mas desconfio de promessas mágicas pois não acredito na existência de uma vida sem desencontros.