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LINHAS DA PSICANÁLISE E DIFERENÇAS


Sobre a potência de encontrar seu lugar de diferença

Você sabia que nem todos os psicanalistas são iguais ou trabalham da mesma maneira?


Os psicanalistas têm a fama de serem pessoas frias e de poucas palavras, às vezes até mesmo rígidas, e são frequentemente acusados por outras abordagens da psicologia de serem muito “racionais”.


Acontece que não existe um modelo universal de psicanalista, até porque a psicanálise não é una - existem diferentes abordagens dentro dela, dependendo da leitura que cada psicanalista vai fazer dos textos de referência. Winnicott, Melanie Klein, Ferenczi e Lacan são exemplos de psicanalistas que fundaram escolas, no sentido de terem estabelecido formas particulares de compreender a teoria e a clínica psicanalítica. Freud seria o elemento comum entre elas, já que foi o pai da psicanálise.


É interessante observar, no entanto, que mesmo dentro de uma mesma abordagem da psicanálise também existem diferenças. Os psicanalistas lacanianos, por exemplo, detêm a pior fama entre os demais: seriam sujeitos sisudos e calados, de trato seco, conhecidos por suas sessões curtas. De fato existem psicanalistas lacanianos com esse perfil, mas eles (por sorte) não são os únicos. Não é o jeito do analista que o define como sendo de uma linha ou de outra, nem é o que determina a qualidade de seu trabalho clínico. É esperado, pelo contrário, que cada analista possa assumir um estilo próprio na condução dos casos que atende. Essa ideia que circula em determinado meio da psicanálise que privilegia um comportamento mais austero por parte do analista fala mais de um enrijecimento do campo do que de uma orientação clínica, no meu entendimento.


Assim, um psicanalista pode ter orientação lacaniana sem por isso assumir uma personalidade “lacanesca”, conhecida por um estilo mais duro, pelas intervenções non-sense, pelo silêncio sepulcral e pelos cortes abruptos das sessões. É neste lugar de diferença que me reconheço como analista, lacaniana, sem por isso adotar tal estilo quase caricatural de conduzir os atendimentos.


Entendo inclusive que este foi um ponto importante colocado pelo ensino de Lacan e mesmo por Freud, ao indicarem que cada sujeito deve encontrar sua maneira singular de conduzir-se na vida, assumindo um trabalho de desidentificação em relação aos grupos dos quais faz parte.


Retomando a frase jocosa da imagem que abre o texto, Sim, nós podemos, mas não sem incluir em nossas causas e lutas nossas diferenças e singularidades - e entendo ser justamente nesta direção que uma análise busque atuar.

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